Sarau enriquece cotidiano dos brasilienses no terminal de ônibus com uma semana inteira de poesia, música e arte para celebrar o aniversário da capital
“Brasília,
terra tombada / Sua história condiz / Capital da esperança / Orgulho do
meu país / A capital federal / É patrimônio cultural / E isto só me faz
feliz". Essa estrofe é parte da poesia "Capital Brasileira", escrita e
declamada hoje pelo maranhense Luiz Vieira Rocha, 65 anos. Ele saiu de
Samambaia com a família (filha e duas netas) para estar entre as dezenas
de pessoas que prestigiaram e aprovaram o encerramento do evento
realizado pelo governo Agnelo Queiroz ao longo da semana na Rodoviária
do Plano Piloto.
"Esses eventos de rua são
uma grande oportunidade para os poetas populares, nós somos um país
poeta, e são em eventos assim que se descobrem grandes artistas",
avaliou Vieira Rocha.
Desde
segunda-feira, para comemorar os 53 anos de Brasília, poetas, músicos e
grupos de artistas da cidade se apresentaram naquele que é considerado o
local mais movimentado da cidade.
Entre outros, compareceram
Adeilton Lima, Lilia Diniz, Cacá, Tribo das Artes, Cultura de Classe,
Radicais Livres, Nicolas Behr, Marcio Bonfim, Rodrigo Vivar e Jorge
Amâncio.
O
GDF, pelo projeto da Secretaria de Cultura, levou manifestações
artísticas variadas do povo para o povo. O jornalista e poeta Alexandre
Moreno, 56 anos, por exemplo, foi e recitou algumas poesias.
"Acho fantástico levar
poesia aonde circula todo tipo de pessoa. Existe o mito de que poesia
não vende, mas esse evento mostra que as pessoas se interessam por
poesia", exaltou Moreno.
"Funciona
e as pessoas adoraram. Teve gente que chegou a chorar ao lembrar os
familiares com poesia", comentou o professor da UnB, ator e poeta
Adeilton Lima, idealizador e organizador do Sarau. Para ele, a poesia
inclusive alivia a dor das pessoas em situação de rua, que passam pela
Rodoviária.
Antônio dos Santos, 41 anos,
foi uma das pessoas em situação de rua que teve sua autoestima elevada.
Ele participou de todo o evento, declamou poesias próprias e de outros
autores. "Isso aqui eleva o espírito, é promissor, muito bom para a alma
da gente. A gente não quer só comida, a gente quer arte", explicou
Santos, ao citar parte da música "Comida" dos Titãs.
"É maravilhoso porque ocupa a
cidade com poetas e artistas. A declamação da poesia está muito
invisível, ninguém mais vê poesia declamada, é preciso mostrar mais",
conta Carolina Matos, estudante de 20 anos. Ela, ao passar pela
Rodoviária, parou para acompanhar o evento.
O professor Anderson Berson,
37 anos, acompanhado da mulher e do filho, disse que: "É importante dar
espaço para os artistas locais. Brasília tem muitos artistas."
A estudante Lorena Hirllory,
17, por passar todo dia pela Rodoviária e acompanhou todo o evento. "As
pessoas prestam atenção, interagem, param para assistir", comentou.
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